12 de set. de 2017

Um Farol no Pampa - Leticia Wierzchowski


A Revolução Farroupilha terminou em 1845 com a vitória do Império. Derrotados pela guerra e pelo tempo, os farroupilhas voltaram para suas estancias abandonadas. As mulheres enclausuradas na estancia da Barra voltaram para suas respectivas casas com seus maridos e filhos que sobreviveram, e assim, tocaram a vida da maneira como puderam.

Em 1902 Antonio Gutierrez embarca da Corte rumo ao sul do Brasil. Em sua mala, o testamento do pai Matias, que lhe deixa a escritura de uma estancia no pampa e um punhado de cartas amareladas pelo tempo. Apesar de ter amado imensamente o pai, é somente com as cartas recebidas, e também com as que jamais foram enviadas, que ele, por fim, passa a conhecer as profundezas que Matias Gutierrez guardava na alma.

De volta ao pampa do pós-farroupilha, acompanhamos o crescimento do menino Matias dos sonhos de menino até a descoberta do amor na prima Inácia, e também vemos um caminho aparentemente já traçado esfarelar-se à sua frente ao mesmo tempo em que acontecimentos tão distantes dali levam o Império do Brasil rumo à Guerra do Paraguai.

Por ser filho de Mariana, a história do menino Matias se mescla ao destino das sete mulheres enclausuradas, e tal como no livro anterior, Manuela, mais uma vez por meio de seus diários, nos guia ao longo de todo livro, ora relembrando seu amor por Guiseppe, ora nos contando sobre seus parentes, sempre com a lucidez (as vezes falha) de quem passou a vida dedicando-se a esperar e a registrar.

Um Farol no Pampa é um romance que mescla o sutil e o épico, o amor e a tragédia, e o mistério que a vida esconde trás de cada decisão tomada.

Apesar da excelente narração (e nisso Leticia Wierzchowski foi, mais uma vez, magistral), e de já saber de antemão que não poderia ter muita coisa de diferente, terminei o livro com a sensação de ter tido somente mais da mesma coisa que vi em A Casa das Sete Mulheres: homens na guerra, mulheres isoladas em clausura esperando (seja seus maridos ou seus filhos), corações partidos e destinos que se desfazem. E já não sei se terei condições de me aventurar pelo terceiro (e ultimo) livro da saga.

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