25 de nov. de 2016

Dartana - André Vianco


Dartana, além do nome do primeiro livro de uma trilogia, é o nome de um planeta castigado por uma maldição que impede que seus habitantes guardem qualquer informação que leve a uma evolução. Arcaicos, eles se vestem de peles de animais e usam armas rudimentares, sobrevivendo com os pouquíssimos conhecimentos passados pelas por suas feiticeiras, as únicas que conseguem acumular algum tipo de conhecimento e se comunicar com o divino.

A única maneira existente de livrar-se dos devoradores de pensamento é vencendo no Cobatheon, um planeta cuja única função é ser um campo de batalha para os deuses de guerra para os diferentes mundos que existem no universo. Mais que a glória, os homens escolhidos para seguir o deus lutam para libertar seus planetas da maldição do não pensar.

Inicialmente, a coisa da maldição ficou confusa. O termo que consta no livro é "maldição do pensamento", o que ficou bastante estranho já que pensar é justamente o que eles não fazem. Um termo mais lógico seria, acredito eu, "maldição do não-pensar", ou alguma coisa parecia com isso. "Maldição do pensamento" ficou estranho.

Como se não bastasse, em alguns trechos, a revisão do texto ficou um tanto deficiente, e isso dificultou o ritmo de leitura. Foram poucas as ocorrências, umas quatro ou cinco acho, mas como estamos falando de um livro de 784 páginas, e que impõem um ritmo mais lento, achei que esses deslises foram bem mais sentidos.

Apesar de Dartana ter uma boa história e uma narrativa bastante condizente com o que se espera de um autor como André Vianco, não me surpreendi tanto quanto gostaria. na verdade, muitas cenas que, provavelmente foram feitas para serem o ápice de adrenalina dentro na narrativa, acabaram ficando na categoria do "mais do mesmo". O caminho de evolução foi repetitivo até mesmo dentro da própria história.

22 de nov. de 2016

A Garota do Calendário (Março) - Audrey Carlan


Alec foi, sem dúvida alguma, um cliente que deixará saudades, Mas é hora de continuar a jornada e, dessa vez, a cidade é Chicago. Antes porém, Mia faz uma parada em Vegas para ver sua família e pagar, pessoalmente, a terceira parcela da dívida com Blaine, o agiota que deixou seu pai a beira da morte.

Desgastes a parte, a Cidade dos Ventos a leva para Anthony Fasano, ex lutador de boxe e presidente de uma das cadeias de restaurantes mais populares dos Estados Unidos. A tarefa de Mia é ser a noiva que Tony apresentará para a matriarca da família.

Inicialmente, Mia não entende por quê um homem como Anthony precisa de uma noiva de mentira, mas a resposta é dada assim que ela vê Hector, o parceiro de Tony, e conhece mais fundo a relação entre os dois e a família Fasano.

A grande lição de Março é que, ao tentar agradar a todos, você corre o risco de machucar àqueles lhe são mais importantes, e mais ainda a você mesmo. É uma lição amarga para Mia, mas que ela precisava aprender para continuar seu caminho.

A vantagem de A Garota do Calendário é que os livros são muito rápidos (li este em algo em torno de cinco horas), embora dá para se dizer também, que eles são um pouco superficiais demais (e isso não quer dizer que as cenas não são bem exploradas, apenas que, em Março, houve pouco a destacar da relação de Mia com seu cliente da vez).

19 de nov. de 2016

Nove Regras a Ignorar Antes de se Apaixonar - Sarah MacLean


O debut de Calpúrnia Hartwell não poderia ser mais desastroso: além de ter sido obrigada a usar um horroroso vestido cor de tangerina, ela, que deveria ser a bela do baile, não agradou a ninguém alem de chatos e velhos atraídos pelo status e fortuna de sua família. Humilhada, Callie buscou refugio no labirinto do jardim e, ali, foi encontrada pelo infame marquês de Ralston. A breve conversa entre os dois, foi inesperadamente agradável e até mesmo encorajadora, a ponto de fazer Calpúrnia sentir-se como uma imperatriz pronta para encarar uma guerra. A sensação, no entanto, durou somente até o momento em que ela percebeu que as palavras de Ralston foram vazias.

Dez anos se passaram desde então, e ela continua solteira e pior, sendo obrigada a escutar todos os insultos sobre sua solteirice enquanto suporta calada os intermináveis e desagradáveis eventos e demais preparativos do casamento da irmã mais nova com um duque.

Ao fugir para o gabinete de seu irmão, os dois, já meio alterados pela bebida, conversam e surge uma questão interessante: o que Calpúrnia faria se pudesse, simplesmente, ir lá e fazer? Meditando sobre o assunto, Calpúrnia redige nove itens:

1. Beijar alguém... Apaixonadamente.
2. Fumar charuto e beber uísque.
3. Montar com pernas abertas.
4. Esgrimir.
5. Assistir a um duelo.
6. Disparar uma pistola.
7. Jogar (em um clube de cavalheiros).
8. Dançar em todas as danças de um baile.
9. Ser considerada linda. Pelo menos uma vez.

Depois de vinte e oito anos fazendo tudo o que sua família e a sociedade ditavam como próprios de uma dama, Calpúrnia decide que, finalmente, pode fazer algo que realmente queira, afinal, todos esses anos seguindo sociais não a fizeram ser nada além de uma solteirona.

Agora... curioso como todos os itens acabaram envolvendo, de alguma forma, o marquês de Ralston. 

Tive alguns problemas para lidar com as constantes crise de autoconfiança da personagem (a bem da verdade, não ou muito diferente dela nesse ponto). Ainda assim, Nove Regras a Ignorar Antes de se Apaixonar foi uma leitura gostosa, envolvente e, por mais que eu me afastasse, não conseguia me manter longe da história por muito tempo.

16 de nov. de 2016

Melhor & Mais Rápido - Jeremy Gutsche


Desde a defesa do meu Trabalho de Conclusão de Curso tento manter o tema "empreendedorismo" e "comportamento empreendedor dentro da minha lista de leitura (embora, tenha que confessar, este não seja um tema que eu considere muito atraente). Melhor & Mais Rápido me atraiu justamente por explorar o comportamento empreendedor e o que motiva a pessoa a seguir esse caminho.

O cerne do livro se baseia em dois pontos: armadilhas comportamentais que impedem (ou emperram) pessoas e empresas de progredirem e seus contrapontos, e o que Jeremy chamou de "padrões de oportunidades", que seriam caminhos de análise que podem ajudar no desenvolvimento de um empreendimento em potencial.

Sobre esse ponto, estranhei um pouco o uso da palavra "padrão", já que está me passa a ideia de algo rígido e invariável, o que é justamente o oposto da proposta de Gutsche. Não sei se foi coisa da tradução, ou se a palavra usada por eles é realmente essa.

A ideia dos "padrões de oportunidades" é bem interessante: de acordo com o autor, ao submeter uma ideia usada e funcional aos questionamentos propostos por esses padrões, é possível encontrar uma ideia variante que não foi explorada comercialmente, e que, portanto, é uma ideia empreendedora válida. Tais diretrizes (eu gosto mais dessa palavra para expressar a ideia de Jeremy) podem abordar diversos pontos da ideia primária, tais como a convergência de produtos ou serviços, a divergência dos mesmos e a ciclicidade de um mercado consumidor.

Melhor & Mais Rápido é um livro difícil de ser avaliado: ao mesmo tempo em que achei os conceitos expostos interessantes, tenho certa tendência a achar estudos de casos um tanto entediantes e, sinceramente, por mais dinâmico que o autor tenha tentado ser, quase caí no sono em diversas partes do livro. 

A leitura valeu a pena, mas uma releitura está fora de questão.

6 de nov. de 2016

Como Eu Era Antes de Você - Jojo Moyes


Como em todo final de ano, o Clube do Livro que frequento fará uma festa a fantasia com um Amigo Livro entre os participantes. Na hora da troca dos presentes, ao invés de adivinharmos a pessoa, temos que dar dicas sobre o personagem que a pessoa se fantasiou. Confesso que o único motivo de comprar este livro e de passá-lo à frente de todos os outros foi que minha primeira ideia foi ir com a roupa final que Louisa Clark usa no final do filme. Como a ideia murchou (pelo preço que toda a produção custaria), ao menos ficou a leitura.

Em uma pequena cidade turística da Inglaterra vive Louisa: uma jovem de vinte e seis anos que trabalha em uma cafeteria da cidade e não tem muitas ambições na vida, a qual consiste, basicamente, de ir de casa para o trabalho e do trabalho para casa e, ocasionalmente, sair com o namorado aficionado por treinos e dietas.

Ao descobrir que o café onde trabalha há sete anos iria fechar, Louisa não poderia sentir-se mais perdida (ou talvez a palavra certa seja inútil): até então, ela e o pai eram os únicos provedores financeiros da casa em que ela, os pais, o avô, a irmã e o sobrinho viviam, e todos já sabiam que o emprego do pai estava ameaçado. Para piorar ainda mais, o tempo todo você tem a nítida impressão de que todos a chamam ou a tratam como inútil. (Eu detestei isso. Detestei ainda ler a maneira como a família dela a tenho para mim que isso contribuiu, e muito, com o péssimo término de semana que tive.)

Sem conseguir se adaptar às oportunidades de emprego que apareciam, Lou foi encaminhada a uma casa próxima ao castelo da cidade. A vaga de cuidadora oferecida pela família Traynor tinha um contrato de duração de seis meses e oferecia um salário irresistível demais para ser recusada. O paciente é Will Traynor, um rapaz de trinta e cinco anos que ficou tetraplégico  após ser atropelado por uma moto dois anos antes.

Difícil falar sobre esse livro. Assisti ao filme com uma amiga um pouco depois da estreia dele nos cinemas, e por ter chorado até bastante na segunda metade do filme, já esperava o choque de emoções. O que eu não esperava era ver como realmente era a vida de Loisa antes de Will. Sabia que o livro mexeria com o meu emocional, mas realmente não seria tanto.

3 de nov. de 2016

Homens Elegantes - Samir Machado de Machado


Uma das maiores vantagens que vi em ter parceria com editoras de maior nome, é que fica muito mais fácil dispor-se a conhecer autores até então desconhecidos. Na proposta que adotei para mim mesma de, sempre que possível, sair da minha zona de conforto e buscar por novas fronteiras, os catálogos me dão uma base mais segura para aventuras ao desconhecido. Posso dar um passo em falso de vez em quando, mas, em outras, acerto em cheio. Esse foi o caso de Homens Elegantes, do brasileiro Samir Machado de Machado.

O ano é 1760. o soldado brasileiro Érico Borges é enviado à Londres com a missão de investigar um enorme contrabando de livros eróticos para o Brasil. Acostumado às restrições da vida na colônia, ele se deslumbra com as excentricidades da sociedade londrina e com a liberdade que encontra naquela sociedade tão mais esclarecida que sua terra natal. Enquanto investiga o caso do contrabando, Érico se depara com uma trama muito pior, capaz de provocar uma guerra que pode eliminar a já fragilizada Coroa Portuguesa e, de quebra, devastar ainda mais o Brasil.

Das coisas que me chamaram atenção neste romance, talvez a que mais se destaque foi a narração da história: apesar de ser em prosa, é dividida em atos, em uma peça cujo o ator principal é ninguém menos que o próprio Érico (que por vezes se gaba de sua habilidade como ator). A preocupação com a camuflagem é tanta que o autor utilizou-se também dos sinais gráficos para explicitar sua capacidade de adequação: quando Érico entra em conversa no idioma lusitano, os diálogos são marcados com travessão, enquanto nos feitos no inglês são utilizadas aspas. Se uma ação é simultânea a uma outra, o texto é dividido em duas colunas, uma para cada frente de ação. Não sei se consegui ser clara nesse ponto, então, tentando de novo, o autor se valeu da própria narração para nos mostrar o quanto Érico é capaz de adequar para atingir seu objetivo maior: Érico ambiciona solucionar o mistério do contrabando, a narração quer explicitar Érico.

Alias, Érico foi outro ponto que me chamou atenção: lá pelo segundo ou terceiro capítulo, fiquei me perguntando "mas, afinal de contas, quem é Érico? Soldado? Ator? Espião?" Bem, a verdade é que ele é um pouco de cada, e nada ao mesmo tempo. Ele é um ator em sua própria vida, que encena encaixar-se em um mundo que reprime sua maneira de ser e que, atualmente, trabalha a serviço da Coroa portuguesa contra aqueles que o obrigam a atuar. Percebem? Érico é um homossexual, um Homem Elegante e, de fato, são poucos os personagens masculinos deste livro que não recebem tal nomeação.

A leitura deste livro é meio densa, mas mais por causa da quantidade de páginas do que pela história. As diversas ferramentas utilizadas na narração não deixaram que o enredo ficasse chato, na verdade, pelo contrário. Foi ela que me levou a devorar páginas e mais páginas, a ponto de me fazer ler as 538 páginas deste romance em menos de seis dias.