30 de out. de 2017

Gata Branca - Holly Black


Na minha vontade um tanto insana de aproveitar ao máximo meu acesso ao catálogo da Rocco, saí iniciando um monte de séries que tinha vontade de ler. Uma dessas séries foi a Senhores da Morte.

Um Meste é alguém que tem o poder de mudar emoções, memórias e destinos com o mais leve toque das mãos. Aqueles que conjuram sortes inexplicáveis ou que tecem fortes desejos de felicidade são conhecidos como Mestres da Sorte. Mas há aqueles capazes de quebrar ossos, transformar coisas (e pessoas) em outras ou até mesmo matar. Estes são os Mestres da Maldição.

Seja você de que tipo for, manifestar sua habilidade é ilegal. Você é considerado criminoso se descobrirem que você é um Mestre.

Apesar de seus pais e irmãos possuírem o toque mágico, Cassel Sharpe é um adolescente comum que tenta viver uma vida normal apesar da família estar envolvida com o crime organizado. A não ser pelo fato de ter matado sua amiga a facadas quando eles tinham quatorze anos. 

Uma noite ele acorda e se vê no topo no telhado de seu colégio, prestes a perder o equilíbrio e cair rumo à morte certa. Em seus sonhos, perseguia uma estranha gata branca que parecia ser uma constante em meio a vários outros sonhos inquietantes.

Ao ouvir escondido  uma estranha conversa de seus irmãos mais velhos, e de perceber que várias de suas memórias parecem escapar de sua mente, Cassel começa a questionar suas verdades e suas lembranças.

Dizem que a ignorância é uma virtude. No caso de Cassey, é uma marca de manipulação.

No meio de vários livros protagonizados por adolescentes que não parecem ter muita coisa na cabeça, Gata Branca trouxe uma narrativa consistente de um jovem que tentava sobreviver em seu mundo limitado até literalmente se forçar a entrar em um mundo que até então sempre pareceu excluí-lo.

O mundo criado por Holly Black me chamou atenção, e agora estou pensando seriamente no que vou fazer para conseguir o restante da série.

27 de out. de 2017

Quatro Soldados - Samir Machado de Machado


Uma palavra define o antes, o durante e o depois deste livro: empolgação! A espera por este livro foi longa e, confesso, cheia de palavras nada floreadas, mas valeu cada segundo da espera.

Lá pras bandas de 1750, as Coroas Portuguesa e Espanhola assinaram o Tratado de Madri e redefiniram as fronteiras a sudoeste do Brasil. O resultado disso foi um conflito militar que entre portugueses e índios guaranis armados pelos jesuítas espanhóis que atuavam na área.

É em 1754, nos últimos anos da guerra contra as Missões Jesuítas, que os caminhos de quatro soldados se cruzam em quatro novelas que, apesar de não serem exatamente sequenciais, estão ligadas entre si por denominadores comuns que se revelam ao longo das tramas, e que juntas apresentam traços difíceis de se ignorar (ou impossíveis de não se reconhecer, caso a pessoa já tenha lido o maravilhoso Homens Elegantes).

Movidos de um lado a outro do Brasil de acordo com as vontades de um narrador apaixonado pelos prazeres da Literatura, os quatro soldados se envolvem em tramas fantásticas com labirintos misteriosos e criaturas da mitologia brasileira enquanto passam por momentos históricos horripilantes como o massacre indígena ocorrido no século XVIII.

A mistura entre o fantástico e o verídico que Samir constrói me conquistou há muito tempo, e não fiquei decepcionada com o que me foi oferecido desta vez. Adorei revisitar sua maneira quase brincalhona de narrar as seriedades da vida (e da morte) e, principalmente, adorei reencontrar conhecidos de tempos futuros.

24 de out. de 2017

Norma - Sofi Oksanen


Durante toda sua vida Norma Ross só tivera à mãe. Não por não possuir outros parentes, ou conhecidos, mas por haver um segredo em Norma. Algo que fez com que Anita dedicasse sua vida inteira a esconder: os cabelos de Norma crescem de maneira sobrenatural, sensível às variações de seu humor e até mesmo a eventos corriqueiros como um tipo novo de cigarro ou uma taça de vinho em um bar ao entardecer. Sem falar que, de alguma forma, eles sempre a ajudaram a fazer uma excelente avaliação de caráter.

Bizarro não? 

Após a morte da mãe, Norma vasculha nas coisas de Anita, procurando entender melhor o que a levou a tirar a própria vida. O que ela encontra são fotos e vídeos que mostram a ela que a mãe sabia muito mais sobre sua estranha condição do que dizia.

As pistas levam Norma ao antigo trabalho de Anitta, o Tukkataika, um salão de beleza especializado em apliques capilares que revolucionou o mercado usando um misterioso cabelo ucraniano que parecia se adaptar a todo e qualquer tipo de cabelo e reagia muito bem a todo o tipo de tratamento.

Presa em uma rede de mentiras e paranoias e tendo seu cabelo como principal aliado, ela terá que se empenhar para sobreviver e escapar de um negócio que envolve muito mais coisas além de madeixas de origem duvidosa e suicídios suspeitos.

Antes de começar a leitura, imaginei que veria algo de cabelos formando tentáculos a torto e a direito e matando a um mero comando da mente (obviamente, minha imaginação fugiu bastante do que define o conceito de realismo mágico), mas os cabelos de Norma são sutis em seus movimentos (na maior parte das vezes ao menos). Ao se ver em um momento de tensão, seus fios se encrespam, momentos de ansiedade ou pressão fazem suas madeixas crescerem em uma velocidade alarmante, e nem tente tentar lutar contra Norma a não ser que queira um emaranhado de fios negros se enrolando em seus tornozelos (ou pescoço).

A história montada por Sofi Oksanen é original e bem estruturada. Os eventos são bem amarrados e os personagens foram montados com cuidado. Não é exatamente verossímil, mas você vê algumas verdades do nosso tempo tão escancaradas que você acaba se perguntando se não existe no mundo alguma pessoa que precise cortar seus cabelos de três a quatro vezes por dia por eles crescerem de maneira desenfreada.

Foi bom me arriscar com esse livro. Norma definitivamente foi uma das leituras mais inusitadas do ano e também uma das melhores leituras.

19 de out. de 2017

O Misterioso Bracelete de Arthur Pepper - Phaedra Patrick


Arthur Pepper é um serralheiro aposentado de sessenta e nove anos que perdeu, poucos meses atrás, a esposa com quem foi casado por quarenta anos. De hábitos modestos, ele se tornou ainda mais recluso e apegado aos hábitos.

Ao finalmente tomar coragem para arrumar os armários e se desfazer dos pertences da esposa, Arthur toma um susto ao encontrar um bracelete de ouro com com oito pingentes dourados, um luxo incongruente com a vida modesta e sem luxo que levavam.

Curioso com o objeto e com a recém descoberta de que sua esposa não lhe contava tudo, ele decide , em um impulso, investigar sua origem. As pistas nos pingentes levam Arthur a lugares que ele jamais imaginou que conheceria, e a uma Miriam que ele jamais pensou que existia.

Ao começar a ler O Misterioso Bracelete de Arthur Pepper, lembrei-me de outros dois livros cujos protagonistas também eram mais maduros (A Improvável Jornada de Harold Fry e A Livraria Mágica de Paris) e não hesitei em me jogar de cabeça nesta história. Não me arrependi de te-lo feito em nenhuma das vinte e quatro horas que demorei para ler este romance.

Arthur Pepper é um homem que se dedicou a vida inteira à família que de repente se vê a única mulher que amou, e não faz ideia do que fazer com ela sem sua companheira. Os filhos, crescidos e um tanto afastados, tão pouco sabem o que fazer. Um deles nem mesmo na Inglaterra mora. Encontrar o bracelete em uma caixinha de joias dentro de uma bota que há muito tempo não era usada incomoda Arthur. Ele nunca vira sua esposa usando aquele enfeite, nem nunca ouvira falar dele. Como podia haver coisas sobre Miriam que ele não sabia?

Num curioso e tímido despertar do fã de filmes de detetive que ele sempre fora, Arthur liga para um número gravado em um dos pingentes, e a pessoa do outro lado da linha o impele a continuar a busca pelas histórias dos outros pingentes. E, mesmo sob os protestos de sua própria mente acomodada, ele segue a caça ao passado.

O Misterioso Bracelete de Arthur Pepper é uma história fofa e nem de longe tão triste quando A Improvável Jornada de Harold Fry, mas igualmente forte. É sobre pensar sobre o passado, conhecer a si mesmo e abraçar o futuro com o coração leve e a mente limpa.

Livros com protagonistas mais velhos são subestimados (dá para perceber isso olhando na página do livro no Skoob), mas, sinceramente, eu os adoro, e quero ler muitos mais nesse estilo.

16 de out. de 2017

As Perfeccionistas - Sara Shepard


Uma das minhas manias literárias mais estranhas é que volte e meia gosto de ler livros que abordam o bullying, talvez por ter passado por experiencias ruins no passado. As Perfeccionistas, da escritora americana Sara Shepard apareceu bem nesse momento.

Mackenzie, Ava, Caitlyn, Julie e Parker são garotas do Beacon Heights High que não possuem muita coisa em comum além da escola em que estudam mas que, por ocasião de um trabalho em grupo na aula de cinema avançado descobrem odiar o mesmo garoto: Nolan Hotchkiss, que parece ter o péssimo talento de ser o pesadelo de todos (e, especialmente, de todas) ao seu redor.

Durante a discussão do trabalho, a conversa ruma para a montagem de um assassinato hipotético. É tudo apenas desejo, é claro, quem não gostaria de se livrar de um bully? Ou de, no mínimo, dar o troco e humilhá-lo de alguma forma?

O problema é que, após uma festa regada a bebidas alcoólicas e drogas na casa de Nolan, ele aparece morto. Exatamente da maneira como as meninas haviam "planejado".

A corrente de fofocas e rumores do Beacon Heights High é ativada, e as meninas acabam como principais suspeitas. Agora, elas precisam se virar para encontrarem o verdadeiro assassino, caso contrário suas vidas perfeitas começarão a se estraçalhar ao redor delas.

Acho difícil comentar sobre As Perfeccionistas sem fazer um paralelo com O Canto dos Segredos (resenhado em Março deste ano, caso queiram procurar no histórico do blog). Um crime parecido (o assassinato de um bully), cujas suspeitas recaem sobre um grupo parecido de suspeitos (garotas que sofreram bullying e/ou que, escondem algum elemento para serem melhor aceitas dentro de um determinado grupo ou por uma determinada pessoa.

Em o Canto dos Segredos, conhecemos e acompanhamos a voz narrativa do detetive responsável pelo caso e o vemos explorar o mundo do Bullying, dos bullys e das vítimas como alguém de fora enquanto a narrativa como um todo alterna entre ele e as garotas.

N'As Perfeccionistas, a narrativa se restringe às meninas, seus pensamentos, ações e reações diante do que fizeram, não fizeram ou do que deixaram de fazer ou dizer, incluindo aí as aparições da polícia, que são um mero elemento que desencadeia novos acontecimentos para elas.

A narração de Sarah Shepard não me envolveu de todo. Apesar da competência em montar o enredo e em desencadear os acontecimentos, achei que ela poderia ter acabado com tudo e ter dado uma conclusão à história ao invés de deixar tantas coisas para as adolescentes lidarem. É claro que todas essas pontas soltas fazem sentido se As Perfeccionistas for o início de uma série, o problema é que não achei nada que dê a entender que haverá uma continuação.

10 de out. de 2017

Minha Melodia - Camila Moreira


Antes de mais nada, você precisa saber que Minha Melodia é um Spin-off de O Amor Não Tem Leis/O Amor Não Tem Leis - O Julgamento Final. Digo isso para que fique claro que, por mais que você pegue algumas informações ao longo da leitura, muita coisa sobre os personagens vão passar batido se você for direto para este livro.

Abrir mão de Clara para deixá-la ser feliz com Alexandre fez  Derek Meyer mergulhar em um poço de autodestruição.

Sexo, drogas, álcool e mulheres em abundancia fizeram desse rockstar o alvo preferido da mídia, o que não ajudou em nada a colocar sua carreira no rumo certo.

De volta ao Brasil no que poderia ser os últimos suspiros de sua carreira, Derek acaba reencontrando uma pessoa que não consegue esquecer desde a tarde em que ele deveria ter ido ao casamento de Clara.

Na ocasião, ele estava bêbado (em coma alcoólico para ser mais exata), mas mesmo então o sorriso dela o acalmou e a voz melodiosa daquela desconhecida ficou em sua mente como alguém que, de alguma forma, entendia o que se passava em seu coração destroçado.

Dizem que é preciso um coração quebrado para reconhecer outro. Por certo, um coração destroçado pode se juntar a outro no processo de cura.

Ao ler este livro, fiquei pensando no que me lembrava de O Amor Não Tem Leis e me perguntando o que havia de errado. Apesar da história ter sido bem feita (embora tenha achado o casal formado um tanto estranho), em várias cenas senti que as coisas estavam aquém da capacidade da autora, e isso meio que me fez questionar se, depois de todo esse tempo, acabei super-valorizando a história de Clara e Alexandre.

Derek possui muitos momentos fofos, e em alguns trechos você consegue sentir na pele o que ele está passando. Em outros porém, fiquei me perguntando se aquilo era tudo o que teriam para oferecer.

Não me arrependi de ler Minha Melodia. Esperava mais, é verdade, mas imagino que nem sempre se consegue superar as expectativas dos leitores.

5 de out. de 2017

Onze Leis a Cumprir na Hora de Seduzir - Sarah MacLean


Juliana Fiori, a meia irmã italiana de Gabriel e Nicholas St. John, é uma jovem impulsiva, que fala o que pensa e que não faz muita questão de ter a aprovação da sociedade em que foi jogada após a morte do pai.

Desde que desembarcou no país, sua natureza escandalosa e sua beleza estonteante (além da história de sua família) a colocam constantemente como assunto das fofocas, mesmo quando ela se esforça para controlar-se e/ou não se envolver em alguma situação que possa comprometer sua família.

Mas suas intensões de não participar de escândalos sempre para quando Juliana encontra Simon Pearson, o magnifico e desdenhoso duque de Leighton.

O poderoso nobre orgulha-se de sua origem e defende seu título com unhas e dentes sem se importar com quem atropela no caminho. Arrogante e perfeitamente chamado de "o duque do desdém", Simon viveu sua vida como se coisas como o amizade, amor e paixão fossem apenas para pessoas comuns,, e não para ele, um duque.

Para Simon, Juliana é um escândalo ambulante e, por isso mesmo, ela decide provar a ele que qualquer um (até mesmo o "duque do desdém") precisa se render às emoções de vez em quando.

O jogo é uma corda bamba, e Juliana sabe que, se perder, é ela quem sairá arruinada e machucada. Mas ela sabe também que Simon pode ser muito mais do que ele foi criado para ser.

De todos os livros da trilogia, Onze Leis a Cumprir na Hora de Seduzir é o que mais aparece como favorito entre o meu grupo de aficionadas por romances de época, e não é pra menos. Simon não faz o tipo cafajeste a que gostamos tanto, mas foi justamente essa troca de papeis (a protagonista feminina tentando "desvirtuar" o protagonista masculino) que deu destaque ao romance.

Adorei tudo! Personagens, construção da trama, desfecho, tudo perfeito! <3

2 de out. de 2017

O Casal que Mora ao Lado - Shari Lapena


Os vizinhos de Anne e Marco os convidaram para um jantar de aniversário na casa ao lado. A única condição é que eles não levem Cora, a filha do casal, de apenas seis meses de idade.

Depois do cancelamento abrupto da babá que tomaria conta da criança, e de uma discussão um tanto acalorada, Anne cede ao acordo de Marco: eles deixariam a menina em casa, a vigiariam pela babá eletrônica e, a cada meia hora, um deles iria até o quarto de Cora para olhá-la.

Só que, ao voltarem para casa, a porta da frente está aberta e o berço de Cora está vazio.

Daí para frente é um jogo contra o tempo para escavar segredos e desvendar mentiras.

A narração alterna entre diferentes pontos de vistas, e aí se revesa entre eles. Anne, Marco, o detetive responsável pelo caso e demais personagens integrantes da trama tomam a frente de narração e, cada um a seu modo, adiciona fatos e linhas de raciocínio à trama e acrescenta algo ao caso como o todo.

A fã maníaca de CSI Las Vegas que ainda sobrevive em minha mente adorou cada página deste livro.

Uma de minhas amigas disse que tinha curiosidade de ler este livro, mas que não tinha coragem por medo de descobrir o que acontecia à criança. Se você for desse tipo, me permita um spoiler para te tranquilizar: ela volta a salvo para os braços da mãe. (É claro que sempre posso mentir em uma afirmação dessas)