27 de fev. de 2018

Sete Minutos Depois da Meia-Noite - Patrick Ness


A história de como este livro chegou à minha estante é curiosa: eu havia encontrado a edição de capa original num sebo, e, como eu queria muito ler a história, levei (acho que vinte reais o valor da troca). Não estava muito satisfeita, já que queria a capa do filme (uma das poucas vezes que prefiro o cartaz do cinema à capa original). 

Pois bem, no mesmo dia, eu fui ao shopping com algumas amigas, e como todo grupo de leitores que se preze, acabamos passando na Saraiva. E lá estava essa edição, novinha, a vinte reais. Demorei um pouco para me decidir, já que tinha acabado de conseguir um exemplar (o que eu iria fazer com dois exemplares do mesmo livro?), mas acabei entrando na fila do caixa... E dei o exemplar do sebo para o vendedor que me atendeu. Saí da livraria com a sensação de ter feito uma pessoa feliz. hahaha

Estado de espírito curiosamente oposto do que senti enquanto li a pequena história de Sete Minutos Depois da Meia-Noite: não houve uma página, entre as cento e sessenta, em que eu não me derretesse em lágrimas.

Connor O'Malley é um garoto de 13 anos que está passando por um momento bem difícil em sua vida: a mãe está doente e passando por tratamentos rigorosos, o pai está longe, morando nos Estados Unidos com a nova mulher e a bebêzinha recém-nascida, os colegas da escola (e alguns professores) agem como se ele fosse invisível, exceto por Harry e seus dois amigos, que o provocam e o machucam diariamente; a avó de Connor (que não é como as outras avós que o rapaz conhece) está chegando para uma longa estadia, e ainda tem o pesadelo que o atormenta todas as noites e o faz acordar no meio da noite suando frio.

Curiosamente, o pesadelo o acorda sempre no mesmo horário, às 00h07min. Justamente a hora em que o teixo que habita o cemitério da cidade ganha vida e se encontra com Connor para lhe contar histórias das vezes que ele caminhou pelo mundo. 

Três histórias serão contadas pelo teixo. A quarta será de Connor, e, quando for a vez dele, ele precisará contar a VERDADE.

E tudo o que consigo falar nesse momento é que não estou psicologicamente preparada para ver a adaptação desse livro.

23 de fev. de 2018

Cartas para uma Falsa Dama - Carol Towned


Tristan e Francesca são casados há cerca de três anos, mas há dois eles não se falam. Desde que Tristan precisou deixá-la para defender o ducado da Bretanha, o silêncio impera nos dois lados do relacionamento, e nem mesmo as várias cartas enviadas deram resultado.

Durante esse tempo, Francesca descobriu não ser filha legítima do homem que a criou desde pequena, e desde então sua aflição só fez aumentar, pois o silêncio de Tristan, que certamente ficara sabendo que ela não era a herdeira que lhe fora oferecida, sem dúvida alguma significava que haveria a anulação do casamento dos dois.

O retorno de seu marido (no exato momento para salvá-la de um homem com intensões duvidosas), as dúvidas quanto as ações seguintes de Tristan se intensificam. Mesmo sentindo a atração entre eles ressurgir intacta após os anos de separação e perceber que essa atração é recíproca, Francesca sabe que o melhor para Tristan é anular o casamento dos dois e conseguir um casamento verdadeiramente dinástico, que lhe renderiam terras e reforçariam seu domínio da região. 

Pedir a anulação do casamento dos dois, podia até ser a intenção inicial de Tristan, mas, a medida em que os dois voltavam a conviver, segredos vieram a tona e perigos surgiram no caminho dos dois, e separar-se de sua Francesca se tornou cada vez mais fora de questão.

Cartas para uma Falsa Dama me enganou a princípio, e isso me deixou um tanto decepcionada, já que eu realmente esperava a troca de cartas entre os personagens (no final das contas, as tais cartas jamais chegaram aos seus destinatários). 

A decepção por me ver enganada tornou uma história boa e bem escrita em uma história mais ou menos, e eu fiquei bem descontente ao ver que, se o título original tivesse sido traduzido (Mistaken for a Lady, que poderia ser traduzido, por exemplo, como "confundido por uma dama" tal descontentamento não aconteceria. Mais uma vez Tristan comentou que ela o confundia, e, no final das contas, Francesca ser dama ou não não fez diferença para ele).

21 de fev. de 2018

Viva Chama - Tracy Chevalier


Sabe aqueles livros que você olha a capa, gosta, e acaba levando por causa do preço de dez míseros reais? Então, esse foi o caso de Viva Chama (juro, nem tenho certeza se parei para olhar as orelhas da capa.

A história começa quando a família Kallaway sai de seu vilarejo para ir à Londres. Thomas Kallaway, o patriarca da família, é um cadeireiro especializado em cadeira windsor, e aceitou uma proposta de emprego de Phillip Astler , dono de um espetáculo que, àquela época do ano, passava pelo local. Na verdade, a mudança da família teve como principal motivo a morte de um de seus filhos, que caíra de uma pereira e quebrara o pescoço. 

Com ele e a esposa, iam também seus filhos mais novos, Jem e Meise.

A história se passa no século XVII, em plena fase do terror jacobino na França, e é importante destacar isso, pois essa aura de tensão acompanha boa parte da trama, especialmente para Jem, que, junto com Maggie (uma moça que ele conhece em Londres quase assim que chegaram), se aproximam, aos poucos, de um poeta, pintor e impressor chamado Willian Blake.

A trama construída por Tracy Chevalier neste livro não é complicada, na verdade, em grande parte dele, se tem a impressão de que, simplesmente, não há trama, e sim uma sucessão de dias comuns de uma família do campo recém chegada em uma cidade grande do século XVII (e a contra capa do livro a elogia muito por isso).

Desanimei um pouco ao perceber isso, mas acabei insistindo e, mesmo achando-a monótona, consegui concluir a leitura.

19 de fev. de 2018

A Mais Bela História da Filosofia - Luc Ferry e Claude Capelier


Conheci Luc Ferry graças à Tag (foi dele o livro enviado em Novembro de 2015), então foi fácil escolher por outro livro de sua autoria.

Apresentado em forma de diálogo entre os autores, A Mais Bela História da Filosofia conta de maneira mais fácil e acessível a história do pensamento filosófico, assim como sua evolução e seus desdobramentos desta no decorrer da história.

Gosto de Luc Ferry por ele saber tornar o complicado em algo mais acessível. Ele e e Claude Capelier souberam progredir com o diálogo mantendo-se em uma linha de fácil assimilação para leigos, com temas bem demarcados e encadeados. É um dos pontos positivos deste livro.

A ressalva aqui é que, mesmo com a habilidade dos dois autores em fazer um discurso claro do tema abordado, ainda assim várias partes ficaram bem densas e difíceis de encarar, o que tornou a leitura beeeeem demorada (acho que nunca consegui ler mais que trinta páginas em um dia e, mesmo assim, iam à conta-gotas.

Apesar dessa parte lenta e demorada (que se situa no meio do livro), o início e o final dele são bem mais agradáveis de se ler e muito mais amigável para se entender.

7 de fev. de 2018

A Dádiva do Lobo - Anne Rice


2017 foi um ano de excelentes leituras, e jamais poderei negar isso, mas senti falta de algumas coisas. Não pude me aventurar muito nos clássicos, senti falta de alguns autores, e a pilha dos comprados aumentou consideravelmente sem que eu pudesse fazer muita coisa para diminuí-la. Neste ano, fiz um compromisso comigo mesmo de me aventurar mais nas minhas caixas (e gavetas) e me esforçar para pegar os livros da estante de coleções que ainda estão sem ser lidos.

Uma das autoras que me deu saudade foi a minha diva maravilhosa Anne Rice, e não demorei nenhum pouco a me decidir me aventurar por este livro.

Reuben Golding é um jovem repórter a quem foi confiado a tarefa de fazer uma reportagem sobre uma antiga mansão na costa da Califórnia que seria posta a venda. A tarde compartilhada com a proprietária da casa, Marchent Nideck, foi uma das melhores que ele podia se lembrar.

A mansão,  mesmo em seu estado de semi-abandono, era o sonho consumado de todo e qualquer amante da literatura e da natureza, e ele foi tomado de amores não apenas pela construção, mas também pela propriedade e por sua dona também.

Mas se a tarde foi um sonho, a noite foi um pesadelo: Reuben foi acordado pelo s gritos de Marchant, e chegou tarde demais para impedir que ela fosse assassinada pelos invasores que entraram na mansão de madrugada. A consciência dele se manteve por tempo o bastante para também ver (ou mais sentir do que ver) a presença de uma fera gigantesca entrar em cena e estraçalhar os que mataram sua doce anfitriã e sair escuridão a fora.

Reuben saíra vivo da tragédia, abalado emocionalmente pela perda trágica de sua amada Marchent e muito ferido pela mordida que a criatura lhe dera, mas ainda assim, saíra vivo.

E a mordida o transformou em uma fera noturna guiada pelo aroma da maldade exalado por humanos que matam, torturam e estupram. A fama do lobo homem da Califórnia ganha proporções enormes em pouquíssimo tempo enquanto Reuben aprende a lidar com todas as consequências de sua nova condição.

A dádiva do lobo é uma narração ao melhor estilo Anne Rice que eu amo tanto: misteriosa e sedutora que te envolve suavemente até o momento em que você não consegue mais largar o livro.

Foi como voltar para casa depois de uma longa e cansativa ausência. <3

5 de fev. de 2018

A Nova Sinfonia - Harvey Sachs


Há alguns anos (quando minha vida era mais simples e eu tinha alguma companhia frequente para frequentar o teatro de Vitória), passei por uma fase de apreciação a música clássica. Confesso (com um pouco de embaraço), que não a escuto mais com tanta frequência, e que mal e porcamente sou capaz de reconhecer uma ou duas obras (muito menos associá-las a seus compositores).

Ainda assim, foi justamente o gosto por ela que me levou a pedir este livro.

Estreada em maio de 1824 em Viena, na Áustria, a Nona Sinfonia de Beethoven alcançou o status de simbolo da liberdade e da alegria, e uma tentativa mais que bem sucedida em ajudar a humanidade a encontrar a saída da escuridão em direção à luz em uma época em que a repressão das dinastias absolutistas tentavam retomar o controle perdido (ou ameaçado) com a Revolução Francesa e com as guerras napoleônicas.

Misturando biografia, história e memória, Harvey Sachs (entre outras coisas, escritor e historiador de música), coloca um prisma na Nona Sinfonia, permitindo-nos ver, através dela, traços da politica, da estética e do ambiente na qual ela se insere.

Assim como seu objeto de estudo, este livro se divide em quatro partes, dos quais destaco os três últimos, em que ele desbrava, respectivamente, o ambiente político e artístico em que se desenvolveu a sinfonia, uma descrição quase roteirística da Nona (não faço a minima ideia se essa palavra existe, ou se a estou empregando de maneira correta, mas me pareceu confuso e estranho definir a terceira parte como "a execução da Nona em palavras") e, por ultimo, os ecos que esta produziu na musica clássica que a sucedeu.

Deixo claro aqui que destaco estas três partes não pela primeira ser ruim, mas porque foram estas que me convenceram a amar este livro com um carinho (quase) incomum.

O início da leitura foi arrastado (devo ter gasto uns três dias só nessas setenta primeiras páginas, e, admito, por muito pouco não a larguei antes da cinquenta. Para minha felicidade, cheguei à segunda parte do livro, e a minha felicidade se completou ao ler o que o ano de 1824 representou nas artes da música, da pintura e da literatura (a minha sorte foi tanta que enfim tive uma excelente elucidação sobre O Vermelho e O Negro, obra lida recentemente mas não muito compreendida na ocasião).

É uma pena que A Nova Sinfonia (este livro) não encontre tantos entusiastas. Apesar do tema (a sinfonia) ter a fama de "difícil" e "complexa" , a leitura é agradável, relativamente fácil para leigos e altamente instrutiva.

1 de fev. de 2018

Muito Além do Inverno - Isabel Allende


Conheci Isabel Allende ano passado (acho), com o livro O Amante Japonês, que recebi do Grupo Editorial Record. Foi uma das autoras que gostei de conhecer e que decidi ficar de olho nos lançamentos.

Para a minha sorte, recebi seu ultimo lançamento (Muito Além do Inverno) e a nova edição de A Casa dos Espíritos como livro de ação pela editora (não a toa os amo de paixão <3).

Richard Bowsmaster é um professor universitário de sessenta nos que sente estar vivendo somente para esperar que a morte o leve. Em uma noite de nevasca, ao voltar do veterinário (seu gato havia se intoxicado após lamber descongelante), se envolve em uma batida leve com outro carro.

A motorista do outro carro, uma mulher baixinha que estava com pressa de sair do local do acidente, retorna a sua casa horas depois. Falando um espanhol incompreensível pela gagueira, Richard se vê obrigado a recorrer à sua inquilina, a chilena Lucia Maraz.

Juntos, esses três personagens diferentes se unem em uma jornada dramática e quase às margens da lei, na qual descobrem (e redescobrem) que são mais fortes do que supunham ser.

Para Richard e Lucia, além de tudo, o encontro com Evelyn Ortega e seus desdobramentos também significa a redescoberta do amor.

Envolvendo o passado e o presente de seus protagonistas em uma trama única, Muito Além do Inverno tem a vantagem de ser uma história bonita, mas sem grandes atrativos para torná-lo um livro maravilhoso ao menos não aos meus olhos).

Não se pode dizer que os elementos dessa narrativa foram mal montados, na verdade, eles são tão bem construídos que fica difícil não sentir simpatia por Richard, Lucia e Evelyn, mas não posso negar que não senti a vontade avassaladora de continuar lendo que as "histórias incríveis" me desperta.