A resenha do segundo livro de A Revolução de Atlas é, sem sombra de dúvidas, um desafio que não sei se conseguirei cumprir com eficiência. Alias, a resenha de toda essa trilogia será um desafio.
Não vou mentir dizendo que este é um livro fácil. Na verdade, ele não é. Falas longas demais (algumas chegam a ocupar uma página inteira, ou mesmo uma página e meia), ou mesmo diálogos praticamente monossilábicos, narrativa um tanto quanto lenta e entrelinhas que escancaram duas linhas de pensamentos tão opostas quanto a água e o óleo.
No entanto, esses mesmos pontos, a meu ver, podem ser justificados com uma outra característica: este livro te faz pensar no tipo de pessoa que você é, em que lado da história você estaria se o mundo fosse como é mostrado em A Revolução de Atlas.
Seria você o tipo de pessoa que se move para avançar, que se move para melhorar, para trazer e/ou fazer melhorias (seja para você, para seus relacionamentos ou para sua empresa), que dá a cara a tapa por seus objetivos e por seus valores, ou seria você do tipo que culpa os outros pelas coisas que você não conquistou, que pega carona em um sucesso desmerecido, que desdenha dos que se movem em direção a uma coisa nova, que explora o esforço alheio para benefício próprio. Você, como você se conhece, diga sinceramente, em que grupo você estaria?
São os homens que avançaram que fizeram (e fazem) a história do mundo girar (desde a roda primitiva até a extração e destilação do petróleo, da calculadora até o mais potente celular já fabricado). É esse conjunto imenso de homens inventando e/ou inovando (e uma inovação não é necessariamente uma invenção) que mantem o dinheiro (santo dinheiro) fluindo. Agora, o que aconteceria se quem ditasse as regras da sociedade pertencesse ao segundo grupo de pessoas que foram descritas acima?
O mundo de A Revolução de Atlas é um mundo em que um homem é punido por seu desejo de fazer melhor, por acreditar que mereceu cada centavo que seu trabalho lhe rendeu. Neste mundo, é socialmente aceito, e louvável, que os donos de fábricas gastem e produzam independentemente de receber. Alias, eles deveriam produzir sem receber absolutamente nada. Eles deveriam abrir mão das fortunas que adquiriram em prol de pessoas que o culpam pela falta de capacidade que eles apresentam. O mundo de A Revolução de Atlas é um mundo dominado por exploradores.
Vê? É por isso que este livro requer (e merece) uma leitura mais lenta. Muita coisa é colocada em jogo.
Se você, como eu, for do tipo que consegue ler 120 páginas por dia (em um dia de leitura bem aproveitado), bom, tenha em mente que você dificilmente vai conseguir conseguir esse número, o próprio livro vai te colocar em um ritmo certo.
-Sr. Rearden, se o senhor visse Atlas, o gigante que sustenta o munto todo em seus ombros, se o senhor visse o sangue escorrendo pelo peito dele, os joelhos tremendo, porém ainda tentando sustentar o mundo com suas ultimas forças, e se quanto mais ele se esforçasse, mais o mundo lhe pesasse nos ombros, o que o senhor lhe diria para fazer?
-Eu... não sei. O que... ele poderia fazer? O que o senhor lhe diria para fazer?
-Eu diria: sacuda os ombros!
E chega a ser um prazer cruel ver as consequências desastrosas de tantos "sempre foi assim", "deu certo há vinte anos atrás", ou "não foi culpa minha". (Isso citanto algumas das pérolas encontradas neste volume).
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