14 de dez. de 2017

A Peste - Albert Camus



Uma frase atribuída ao escritor Franz Kafka diz que precisamos (ou queremos) "de um livro que nos afetem como um desastre". Ao terminar A Peste lembrei-me imediatamente dessa frase.

Escrito em 1947, A Peste é ambientado em uma fictícia cidade francesa, pequena e isolada na costa argelina que, em abril de um certo ano, viu-se cenário de estranhos eventos: primeiro, começaram a surgir ratos mortos. Primeiro aos poucos, depois aos montes e, por fim, aos milhares (para se ter uma ideia, oito mil ratos mortos foram recolhidos somente no dia vinte e oito de Abril).

Até então, não se falava outra coisa além da indignação da população, exigindo que a prefeitura tomasse as medidas necessárias para limpar a cidade de tais cadáveres.

Só que a coisa não parou por aí, pois, lá meados de Maio, a doença que dizimou os ratos da cidade passou a assolar os serem humanos. A Peste estava instaurada.

A narração é feita em forma de cronica feita por um narrador que se utiliza de relatos e de documentos sobre a peste que assolou Orã. Ora acompanhando o médico que tomou a frente na organização das ações para se lidar com a doença, e ora acompanhando alguns personagens que se situavam em torno deste, A Peste é, mais uma vez se utilizando de Kafka, um machado usado para abrir um mar congelado.

O livro é seco, desprovido quase totalmente de momentos que nos aliviam dos efeitos da peste, e, mesmo assim, esses "bons momentos" não nos aliviam por completo. Eu não pude deixar de associá-lo também ao livro A Revolução de Atlas. Apesar de A Peste não ter tanto conteúdo politico, esses dois livros me pareceram dissecar a condição humana, contestando valores vigentes e desafiando o status quo.

Em uma das orelhas do livro está escrito que este é um "romance de resistência em todos os sentidos da palavra". Quando se chega ao final dessa obra, tem-se a impressão de que nada do que se definiu anteriormente como resistência chega próximo ao que se descobre ao final dA Peste.

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