Em algum dos primeiros dias de junho do ano de dois mil e dez, Annabelle Barlet está algemada a uma cama do quarto Josephine do Hôtel des Charmes, em Paris, esperando por um homem desconhecido que está prestes a sair do banheiro da suite. Mas não se engane, caro leitor, essa não é uma cena de terror. Muito pelo contrário.
Mas primeiro, voltemos um ano. Dois mil e nove, também inicio de junho, quando ela ainda era Anabelle Lorand, a poucos meses de se formar na faculdade de jornalismo. Com a mãe com câncer em estágio avançado, Elle está com um cliente no Josephine. Elle é uma hotelles, uma acompanhante de luxo, que aceitou esticar seus serviços com aquele cliente depois de conhecer, em um evento em que conheceu, quase por uma feliz coincidência, David Barlet, magnata das telecomunicações da França e seu futuro marido.
Ainda há outro mistério em sua vida: semanas antes desse cliente em específico, Elle (como todos, inclusive clientes, a chamam) encontrou em sua bolsa um pequeno caderno vazio de capa prateada, e foi apenas uma questão de dias para os bilhetes começarem. Feitos em um papel que claramente pertence ao caderno vazio, os bilhetes que o desconhecido mandam parecem revelar recantos de sua alma e de seus desejos mais profundos (desejos que, por certo, ninguém, além dela mesma, poderia ser capaz de conhecer).
Em meio aos bilhetes misteriosos e a felicidade e a segurança aparente que David Barlet lhe oferece quase de mão beijada, o elemento (mais) desestabilizador parece se concentrar apenas em uma pessoa: Louis Barlet, irmão mais velho de David, que se mostra tão afável em ensinar a Elle segredos que vão desde o bairro de alta classe que passará a ser sua residencia após seu casamento até a mais traiçoeira face da família Barlet.
Hotelles, é mais um daqueles livros que me atraíram pela capa mas que nunca tive coragem de comprar. Vencido o primeiro obstáculo (ele estava disponível no catálogo da Rocco), a leitura foi devagar (pelos meus padrões), mas muito bem aproveitada.
Na ambientação (até então, inédita para mim) da Cidade Luz, onde o erotismo parece estar presente mesmo nos traços mais modernos da cidade, o aprendizado de Elle nos assuntos Barlet e, (por que não dizer), nos de alcova, me remete um pouco à ao processo de aprendizado que Mia Saundres passou em sua jornada (respeitadas as grandes diferenças existentes entre essas duas acompanhantes de luxo).
A bem da verdade, a comparação é bem fraca (mas meu repertório nesse assunto não é dos mais vastos). O caminho percorrido por Elle foi muito mais manipulado do que de Mia, e, no processo, vários planos e sonhos de vida foram se perdendo na teia em que a prenderam.
O Quarto 1 de Hotelles foi diferente de tudo o que já li (ou que me lembro de ler lido) até o momento, e a chave do Quarto 2 já está em minhas mãos.
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