7 de nov. de 2017

As Pupilas do Senhor Reitor - Julio Dinis


Um dos objetivos da minha lista de leitura é não me manter presa a uma época ou país, então, ao ver As Pupilas do Senhor Reitor (e, confesso, na falta de outros títulos que se sobressaíssem mais que este) não me demorei a escolhe-lo.

José das Dornas é um lavrador abastado de uma área rural portuguesa do século XVIII que possui dois filhos: Pedro, que, em resumo, é a quem se destina os negócios do pai, e Daniel, que de tudo lhe é diferente do irmão.

Preocupado com o futuro do mais moço, José das Dornas pede conselho ao reitor da paróquia local, e acaba por decidir fazer Daniel seguir o caminho eclesiástico. Em uma tarde porém, o padre vê o menino no campo com uma menina, os dois a passar a tarde em brincadeiras de criança e Daniel à fazer promessas de amor duradouro à pequena pastora.

O reitor, um tanto injuriado com a descoberta, convence José das Dornas a mandar o menino para estudar medicina no Porto, de onde volta, anos depois, formado em medicina e sem nenhuma lembrança da jovenzinha com quem brincava no campo.

Ao voltar, Daniel tem sua vida cruzada com a de Clara e Margarida, duas jovens moças que ficaram sob tutela de padre Antonio após o falecimento dos pais. Daniel apaixona-se pelos jeitos de Clara, que está noiva de seu irmão mais velho, e, vendo todo o desenrolar da trama enquanto sofre calada, está Margarida, a pastorazinha que, desde pequena, nutre por Daniel um amor que o tempo e o desabrochar difícil da vida adulta não deixou esquecer.

Se a trama lhe parece digna de novela das seis, não a toa que ela foi adaptada por duas emissoras (TV Record em 1970 e SBT em 1994). Escrito em 1867, As Pupilas do Senhor Reitor é uma história bonitinha que fica no limiar entre o espírito romântico e a mentalidade realista que produziu tantas boas obras em Portugal.

A leitura não é difícil, especialmente se você tiver a mão um (abençoado) aplicativo que lhe um bom dicionário (tradicional ou de sinônimos). Na verdade, esses pequenos percalços linguísticos me fez aproveitá-la ainda mais (e, de quebra, me forneceu boas pausas durante a leitura). 

O livro é gostoso, tem desafio certo para quem deseja se aventurar na literatura portuguesa. Já pegueis outros títulos do autor para procurar.

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