28 de mai. de 2016

Desonra - J. M. Coetzee


Sabe quando você tem que pegar todas as suas referências de sociedade e cultura e colocá-las de lado porquê elas, simplesmente, não se aplicam? Então, você precisa fazer isso com Desonra. A história de David Lurie, personagem principal deste romance, e passa na Africa do Sul em uma época pós-apartheid. 

Lurie é um homem (branco) idoso, que ocupa o cargo de professos interino na Universidade Técnica do Cabo. Prático, de opiniões estagnadas e de opiniões um tanto ultrapassadas, David é mediano a ponto de achar sua vida sexual resolvida com um encontro de horas com uma prostituta nas tardes de quinta-feira.

O fim dos encontros regulares com Soraya é o início do fim do professor. Sua relação seguinte, com uma aluna, virou escândalo e pôs um ponto final à sua carreira já embotada. Em um tipo de fuga, ele vai para a fazenda da filha, nem de longe o lugar que ele gostaria, mas afinal, era o único que ele tinha, e ainda vinha com a desculpa perfeita.

A vida no campo, apesar de monótona, acaba por lhe quebrar o casco. Aos poucos, e de uma maneira um tanto contrafeito, Lurie se propõem a vivê-la. Além de ajudar a filha no campo, ele também se voluntaria em um abrigo de animais da cidadela.

A fazenda perde o ar de refúgio quando três homens negros invadem a casa, roubam o que podem, ateiam fogo no homem vivo e estupram sua filha. É nesse momento que, de maneira definitiva, o politicamente correto ao que ele estava acostumado cai por terra e percebe que está onde a barbárie das periferias da África do Sul impera.

Desonra não é uma história bonita. Não se estivermos falando da temática pelo menos. No entanto, o autor cativa pela construção do personagem, assim como pelas imagens que Coetzee constrói para passar o enredo.

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