Eu achava que Lestat possuía momentos de melancólicos. Também achava que Louis era excessivamente depressivo... Mas a narradora desse livro supera (e muito) esses dois.
Triana (a personagem-narrador) acaba de perder seu marido para a AIDS. Ele morreu em casa, aparentemente tranquilo. Ela o limpou, o cobriu, o manteve limpo e protegido durante as três noites divididas com o marido morto.
Toda essa cena, a do velamento particular, a do velório público, toda essa parte fúnebre é acompanhada, de longe, por um violinista misterioso. E que som ele tirava do violino! Para Triana, daquele violino saía a melodia perfeita para embalar todo o seu sentimento de perda e toda a sua simpatia pela morte.
Se há uma palavra que defina a personagem principal desse livro, é atormentada. E muito. A narração é cheia de lembranças rancorosas, cheia de fantasmas e de amargura. E o violinista conseguiu piorar ainda mais as coisas.
“Me enlouquecer, nenhuma possibilidade. Mas por que você quer que eu sofra, por que você quer que eu me lembre dessas coisas, por que você toca tão lindamente quando eu me lembro?”
A narração de Triana acaba, para minha surpresa, no Brasil. E pela segunda vez, Anne Rice usufrui do clima sobrenatural e místico do candomblé (para quem não se lembra, David Talbot possuiu fortes elações com o candomblé quando era vivo).
Consegui perceber algumas semelhanças entre Violino e As Crônicas Vampirescas. Não só a questão sobrenatural, mas a melancolia, a insistência em se prender ao passado e em remoer traumas.
Há algo nas narrativas de Anne Rice que me faz ficar completamente atenta a história, mas a algo nessa história que me obrigou a fazer paradas constantes (talvez o tom mais fúnebre da narrativa).
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