Lá pras bandas de 2008, 2009, minha mãe e eu assistimos a um filme incrível sobre um rapaz que, na tentativa de produzir o melhor perfume do mundo, matava garotas para roubar seu aroma. Lembro-me que foi um dos filmes mais incríveis que vi naquele ano, e nunca consegui me esquecer dele (não totalmente pelo menos).
Anos mais tarde (acho que já estávamos em 2011, 2012 talvez), descobri que tal filme fora baseado em um livro alemão de 1985, e desde então comecei uma incessante por este título (assim como a outros livros que descobri na época). Final do mês passado, um outro amigo, dono de sebo, me presenteou com essa edição maravilhosa de 1995, época em que a Editora Record ainda era uma editora chamada Altaya.
O Perfume é uma história ambientada na França do século XVIII. Paris, a maior e mais populosa cidade do reino, é uma aglomeração fedorenta e nojenta em que humanos demais convivem com detritos e alimentos podres demais e o fedor resultante disso é uma massa de ar podre estagnada entre as construções da cidade.
É nessa cidade que nasce Jean-Baptiste Grenouille nasce. Embaixo de uma barraca de peixe podre, deixado pela mãe no meio da sujeira e da lama para morrer, assim como ela fizera com quatro outros recém nascidos antes dele. Mas aquele bebê denuncia sua vitalidade chorando, e, nesse simples ato de chorar, condena a mãe à forca.
Levado a um orfanato, a ama de leite que o amamenta não demora muito e o repele, devolvendo-o ao orfanato que a contratou e recusa uma oferta melhor sob a alegação de que aquele bebê "não cheira como os bebês devem cheirar". E mesmo depois de várias chacotas, o frei que o recebe da ama também o rechaça para um orfanato qualquer.
E Grenouille a tudo cheirava e a tudo lembrava. E, enquanto crescia e seu olfato se desenvolvia, todos os odores de Paris eram guardados em sua memória, dos mais pútridos até os mais delicados, e o olfato também lhe era base para o aprendizado das palavras, e aqueles signos linguísticos que designassem algo incorpóreo, como um conceito ou uma ideia, lhe eram difíceis demais, insignificantes.
Aos oito foi mandado para um curtume de carne, e aos doze conseguiu, graças aos seus dotes olfativos e à ambição do mestre perfumista, entrar no mundo da fabricação dos perfumes, onde aprendeu a mensurar substâncias, a misturar fragrâncias e a capturar odores simples.
Mas não era o bastante. Ele queria produzir o melhor perfume do mundo. Queria fazer para si o melhor perfume do mundo, e queria mostrar ao mundo que ele era o melhor perfumista do mundo. Tal perfume, ele descobriu, era composto pelo odor de certas jovens, pacientemente colhidos com perícia de mestre. Vinte e quatro jovens assassinadas para coroar o odor de uma jovem cujo o aroma era melhor que todo o que Grenouille havia cheirado até então.
O melhor perfume do mundo foi também sua ruína. Na vontade de se tornar um Deus entre os homens, Grenouille viu que a orgia desenfreada que uma única gota de sua preciosa criação lhe causava nojo e asco. E esse, ele sabia, era o fim. Mais precisamente, era o seu fim.
Depois de uma sequencia de livros abandonados, O Perfume foi um excelente retorno à crença de que existem excelentes livros no mundo. A narração de Susking é impecável e tudo, da primeira á ultima linha, está muito bem amarrado.
Livro com certeza recomendadíssimo. <3
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