7 de mar. de 2018

A Casa dos Espíritos - Isabel Allende


Diz-se que a boa literatura se reconhece de longe, e que, nada melhor do que usar a fantasia para esmiuçar a realidade em que se vive. Levando-se em conta esses dois aspectos, não foi a toa que A Casa dos Espíritos catapultou o nome de Isabel Allende para os vários cantos do mundo.

A história começa com a família Del Valle, ele, um advogado aspirante a político e ela, mãe zelosa e carinhosa de onze filhos, dos quais conhecemos, principalmente, Rosa, a belíssima moça de cabelos verdes e Clara, a clarividente que desde cedo falava com espíritos e movia saleiros com a força do pensamento. A partir dessas duas meninas é que chegamos a Esteban Trueda.

Esteban é o único filho homem de uma família cuja fortuna foi dilapidada pelo pai. Apaixonado por Rosa, ele se mete na mata em busca de um veio de ouro para construir fortuna e, assim poder casar-se, encontrando-o quase ao mesmo tempo em que o destino leva embora sua futura esposa, casando-se, afinal, com Clara, que é com quem constrói família.

Homem de seu tempo, Esteban é o típico latifundiário da década de vinte, e, aliás, a história contada nesse romance segue também a história do país desde essa época até a década de setenta, passando pela eleição do presidente socialista, o golpe que o destituiu e os tempos de tortura.

Em comum, são três as gerações de mulheres que, em uma época ou outra de suas vidas, ocupa a casa da esquina, a construção que Esteban construiu para sua esposa e que esta, em um furor de reformas, transformara em um labirinto ocupada por lembranças e espíritos. Clara, a clarividente, Blanca, que atiça a fúria do pai ao entregar-se ao filho do capataz, e Alba, o fruto desse amor proibido que, contra todas as expectativas, é adorada pelo avô.

A narração é feita como registros de diários, sem que nos seja revelada a data precisa em que eles acontecem. Os eventos foram separados por acontecimentos, mas não há prejuízo à progressão do texto. Na verdade, é um dos momentos em que a construção da narrativa se mostra mais genial.

A Casa dos Espíritos é o perfeito exemplo do realismo fantástico: a verossimilhança tão crua que arrepia suavizada pelos delírios enganadores da ficção. Mas não se engane, há pouca coisa de ficção neste relato extraordinário.

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