21 de abr. de 2016

Amantes - Elizabeth Abbott


Ao chegar ao índice de Amantes, me surpreendi ao lembrar-me de Tudo o que precisamos saber, mas nunca aprendemos, sobre mitologia. De fato, enquanto o livro de Kenneth C, Davis discutia sobre as mitologias surgidas e extintas ao redor do mundo e através dos séculos, o de Elizabeth Abbott tem como foco o papel (e a história) da amantes em diferentes lugares e em diferentes momentos e situações da história do mundo.

Fiquei com um pouco de receio com o tema. A bem da verdade, acho que mantinha um conceito meio pejorativo da mulher que exerce (muitas vezes, contra sua vontade ou mesmo sem seu conhecimento) o papel de amante na vida de um homem (seja ele solteiro ou casado). Este é um tema delicado que esbarra em muitos entraves, então vamos com calma que o livro é extenso.

Cada capítulo do livro trás um panorama da perspectiva de vida das mulheres/amantes, revelando não apenas o contexto social em que elas viviam, e, de certa forma, algumas das justificativas que levaram estas mulheres a se colocar (ou serem colocadas) no papel de amante. A autora também destaca algumas "amantes notórias" seja por alguma particularidade em sua história (tipo o próprio amante) ou por se destacarem simplesmente pelas mulheres que foram antes, durante e depois de seu papel como "a outra".

Os dois primeiros são dedicados às amantes da antiguidade e do oriente. Apesar de ter alguns destaques interessantes, não me dei muito bem com estes capítulos. Em vários momentos, tive a grande impressão de que a autora se mostrou tendenciosa nas biografias e, sinceramente, jamais imaginei que um capítulo sobre o oriente poderia ser tão chata.

As coisas começam a melhorar nos capítulos três e quatro, dedicados às amantes dos reis europeus e nos círculos aristocráticos da sociedade da época. Gostei desses capítulos porquê eles me pareceram ser muito mais um resultado de uma pesquisa documental do que os capítulos anteriores, e, e certa forma, mais familiares ao meu mundo. Um dos casos apresentados, foi o de Camila Parker-Bowles, amante (e atual esposa) do Príncipe Charles, herdeiro aparente do trono inglês, e eu achei curioso que a biografia apresentada desconstruiu, e muito, a imagem de Lady Diana que eu sempre ouvira falar. Mesmo princesas amadas pelo povo descem do salto quando dominadas por uma crise de ciúmes ou de gênio forte.

À essa altura, eu já estava bem menos disposta a abandonar o livro e cada vez mais curiosa para saber mais sobre essas mulheres.

Completando o que iniciei, os capítulos são dedicados a um tempo (antiguidade, modernidade ou atualidade), a uma classe social (realeza, aristocracia) e ao lugar ocupado pelo homem em sua sociedade (clérigos, conquistadores, colonizadores, integrantes do exército ou do governo, ou criminosos da máfia).

Outros ainda exploram a relação entre a amante e a arte, podendo ela ser "a musa", "a artista", ou mesmo "a troféu" do homem com quem ela se relaciona. Assim como nestes casos, gostei bastante do paralelo feito entre as amantes e a própria literatura. Nessa parte, a autora reúne diversas mulheres, todas elas amantes (algumas, quase amantes) de papel crucial em várias obras consagradas da literatura mundial. À tal ista, integram mulheres como Anna Karenina, Jane Eyre e Emma Bovary.

Apesar de ser um livro grosso, sua leitura não é muito complicada (honestamente, o Tudo o que precisamos saber foi bem mais cansativo). Amantes é o tipo de livro que abre sua mente para um tema que geralmente poucos param para analisar os dois lados da moeda, já que quase sempre tendemos a condenar um dos lados (geralmente, o da mulher/amante) e, se não desculpar (ou mesmo desconsiderar ou ignorar), diminuir a "culpa no cartório" da parte masculina do relacionamento.

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