26 de fev. de 2016

Holy Cow - David Duchovny


Elsie é uma pacata vaca de fazenda que se contenta  em viver ruminando pasto a fora até que, ao sair com uma amiga para visitar alguns bois no pasto ao lado, tem sua atenção desviada or uma misteriosa caixa de falante capaz de deixar os humanos da casa hipnotizados.

A caixa, poderosa a ponto de gerar discórdia entre os humanos, mostra a Elsie o interior de uma fazenda industrial e toda a perspectiva que a fazenda oferece para seu futuro: o abatedouro.

Inconformada com seu destino, ela decide fugir da fazenda e ir para Índia, lugar em que as vacas são tratadas como deuses. Mas como chegar lá?
Se juntando a um porco judeu que sonha ir para Israel e com um peru metido a namorador sabido que quer ir para Turquia. Acho que deu para ter uma ideia que a coisa é fantasiosa demais até para uma fã de fantasia.

Eu até gostei de Elsie, ela é boa narradora (tipo, boa mesmo), e até concordo com algumas coisas que ela diz, mas não consegui engolir algumas partes da história (tipo um peru pilotando um jatinho roubado mundo a fora enquanto os humanos faziam que não viam. Qual é né? Uma vaca, um porco e um peru! Concordo que somos meio idiotas as vezes, mas também não precisa exagerar né Elsie?).

Holy Cow é um livro super gostosinho de se ler e super fácil também. David Duchnvy, o "cow-autor" (palavras de Elsie, não minhas) conseguiu passar direitinho (o que imagino ser) as divagações e as experiencias de uma vaca como a Elsie.

Ps.: Não deixei de reparar que precisei de alguns dias ruminando a história deste livro para conseguir produzir alguma coisa sobre ele. Curioso não?

23 de fev. de 2016

Deuses de Dois Mundos: O Livro da Morte - PJ. Pereira


Ler o último livro da série Deuses de Dois Mundos foi uma experiência um tanto curiosa: fiquei ansiosa por voltar a ler essa trilogia, surpresa com o capítulo inicial da história, apreensiva com a guerra no Orum e com o rumo que ela estava tomando, assustada (e com um certo medo) com as ações de Exu, e contente por ver que o equilíbrio foi restabelecido entre os Orixás.

Assim como nos dois primeiros livros da série, a história é dividida em dois mundos: o Orum, onde vivem os Orixás, e São Paulo, ainda acompanhando o jornalista New Fernandes. Uma das diferenças aqui é a linha cronológica que os dois mundos seguem: enquanto a parte do Orum é narrada seguindo a linha normal, isto é, do evento mais antigo para o mais recente, a cronologia de New é inversa, ou seja, primeiro conhecemos o fato, para apenas depois descobrirmos como ele foi desencadeado. (Parece meio confuso, mas basta lembrar de um blog. Primeiro vemos as postagens mais recentes, e aí seguimos para as mais antigas. Aliás, foi exatamente assim, utilizando um blog, que acompanhamos a perspectiva do nosso protagonista humano.)

A meu ver, foi neste livro que a riqueza da mitologia dos orixás foi melhor explorada. Agora como encantados, o grupo que ajudou o babalaô Orunmilá a resgatar os príncipes do destino, interagem com orixás mais antigos, como Nanã e Oxalá e mostram, de maneira mais direta, suas influências no nosso mundo, seus gostos e, de certa forma, suas motivações.

Deuses de Dois Mundos foi, sem dúvida, uma das mais ricas histórias que já tive a oportunidade de conhecer, e sinceramente, uma das melhores também. Valeu a pena ter esperado tanto tempo por ela. Conheci, mesmo de maneira superficial, uma cultura que há muito atiçava minha curiosidade e, de quebra, mergulhei em uma fantasia maravilhosa.

18 de fev. de 2016

Escondida - P. C. Cast


Depois de dez livros (e de várias confusões diga-se de passagem), Zoey, sua horda de Nerds e os demais integrantes do grupo finalmente conseguem mostrar ao Conselho Supremo dos vampiros a natureza malévola de Neferet.

Banida pelas autoridades supremas do mundo dos vampiros e expulsa da Morada das Noite de Tulsa, ela se aproxima dos humanos. Longe das amarras das aparências, Neferet não possui mais nenhum motivo para esconder seu passatempo favorito e logo começa a espalhar o caos dentro e fora da escola dos vampiros.

Como se ela sozinha não fosse problema o bastante, ainda há Aurox, o receptáculo do maligno touro branco criado por Neferet, que matou um dos professores da Morada da Noite e quase levou Zoey junto. O problema é que, ao olhar através de sua padra de vidência, a garota viu uma pessoa que jamais pensou que veria novamente, principalmente naquele contexto bizarro. Mas Heath não pode estar mesmo ali, pode?

Eu acho legal que cada livro de House of Night parece possuir um objetivo claro dentro da grande batalha entre bem vs. mal que está sendo travada na saga como um todo. às vezes, esse objetivo pode ser descobrir uma nova habilidade, ou apenas resolver um impasse interno muito difícil. Desta vez, o objetivo, ou os objetivos a meu ver, não apenas envolveu desmascarar Neferet, mas também envolveu descobrir o que (ou quem) Aurox realmente é, assim como um caminho de redenção para Kalona.

E que fique registrado, achei super estranho as aparições de Erebus. Sempre imaginei que ele fosse um homem correto acima de tudo (não no sentido de não ser malvado, mas sim no sentido de não ser pé no saco entende?), mas acho que talvez eu possa estar errada.

15 de fev. de 2016

H Stern: A História do Homem e da Empresa - Consuelo Dieguez


A H.Stern é uma joalheria criada em 1945 pelo alemão naturalizado brasileiro Hans Stern. Famosa no mundo inteiro por seu trabalho, a H.Stern é uma das maiores referencias de excelência e inovação no ramo de jóias, e um dos maiores ícones quando o assunto é sucesso nacional.

Este livro, organizado e escrito pela jornalista Consuelo Diaguez é uma biografia não só do criador da empresa, como também da própria H. Stern: desde o início do fascínio do dono pelas maravilhosas pedras brasileiras, o start de sua empresa como um negócio de compra e venda de pedras, seu primeiro ponto de vendas em 1969, as estratégias de marketing que catapultaram a joalheria para o nível internacional até a atual onda de pequenas, porém constantes inovações dirigidas e incentivadas pelos filhos de Hans, hoje dirigentes da empresa.

Eu adoro livros que juntam história e administração (principalmente a parte que se relaciona à inovação). Este livro juntou história, administração, mentes inovadoras e o lindo e fascinante mundo das jóias. Sério, eu cheguei mesmo a chorar na parte final desta obra de tão maravilhada que fiquei.

Adorei a escrita de Consuelo Dieguez, e tive a impressão de que ela utilizou o cuidado quase artesanal da H.Stern para escrever esta obra. A escolha das palavras e das imagens se complementaram de forma perfeita e trouxeram uma riqueza incrível para este trabalho.

12 de fev. de 2016

Obstinada - Sylvia Day


As sedas e as rendas da alta sociedade londrina de 1770 escondem uma organização secreta formada por espiões de elite determinados a proteger a Coroa de seus inimigos. A missão de Marcus Ashford é proteger a viúva de um antigo membro da organização, e promover uma pequena vingança pessoal contra Elizabeth Hawthorne, sua antiga noiva que fugiu e se casou com outro homem. 

Elizabeth é obstinada e teimosa. E também é a paixão de Marcus mesmo antes de ela ter fugido às vésperas do casamento dos dois. Defender a Coroa de seus inimigos é coisa fácil se comparado à tarefa de proteger seu coração da devastação causada por tal mulher.

Não há muito como protelar o veredito: comparado aos outros livros de Sylvia Day, este foi o mais monótono até agora. Marcus me conquistou por um breve momento que durou três ou quatro parágrafos em um dos capítulos iniciais do livro e desde então não me envolveu mais. Uma pena, mas não se pode ganhar todas certo?

O que mais gostei nesta história foi a participação de Christopher St. John, o protagonista masculino de Desejada e uma levíssima referencia ao casal Faukner, meus adoradíssimos protagonistas de Incontrolável. A participação de St. Jonh foi uma das coisas que mais me motivou à terminar a história (a outra foi a curiosidade de saber como a história iria terminar).

9 de fev. de 2016

A Revolução de Atlas #3 - Ayn Rand


O mundo dos saqueadores está em pleno colapso. Os produtores do mundo se foram, os poucos que restaram, os que ainda encontraram condições parar continuar produzindo, precisam se colocar nas mãos de pessoas que consideram um carregamento de fliperamas mais importante que o escoamento de um estoque inteiro de trigo. 

Para onde vão aqueles que desistem (ou se fartam de serem explorados pelos saqueadores)? Para um lugar onde sua inteligência é livre para produzir, para onde o comando "dar" não tem significado algum. Alguns chamam tal lugar de Atlântida, outros, de Vale de Galt. E é neste lugar que Dagny acorda. É lá que ela encontra não só aquelas grandes mentes que desapareceram do mundo, como também o responsável pela greve dos cérebros: Jonh Galt.

Dagny não demorou muito para entender que aquele era o lugar dela. Ali ela teria total liberdade de por em prática todo o potencial que os saqueadores insistiam em limitar. Era li, naquele vale escondido do mundo, que estava a realidade que ela passou anos de sua vida almejando. Mas ela ainda não estava pronta para deixar suas ferrovias. Ela ainda tinha forças, e motivos, para resistir.

O fim do mundo dos saqueadores chegou na forma de um longo discurso de Jonh Galt (e coloca longo nisso: nada menos que 64 páginas de raciocínio apurado e leitura lenta). Ao invadir o sistema de comunicação do governo quando toda a população americana esperava um pronunciamento sobre a crise econômica, Jonh toma para si a responsabilidade de explicar o que está acontecendo com o país. Alias, a fala de Galt esclarece e escancara várias coisas que ficaram entaladas na garganta desde o primeiro livro.

O fim dA Revolução de Atlas significou o início de uma nova era no mundo. Uma era em que os grandes homens possuem liberdade para fazer o que fazem de melhor: pensar, inovar e produzir.

5 de fev. de 2016

A Grande Fome - John Fante


Na resenha de Espere a primavera, Bandini ei disse que estava animada para o livros de contos de John Fante. Pois bem, não me decepcionei com a leitura. Nem um pouco alias. Organizados por Stephen Cooper após a morte do autor, este livro mostra diferentes momentos da carreira literária de Fante. 

Dos dezoito contos, ao menos três retomem Arturo Bandini, protagonista de Espere a primavera, Bandini. Um deles, eu reconheci meio que de imediato como um dos capítulos do livro, ou, ao menos, um esboço do que se tornaria um capítulo do livro. Outro conto protagonizado por Bandini nada mais é do que o prólogo completo do livro Pergunte ao Pó, livro publicado pela primeira vez em 1939.

De uma maneira geral, os contos de Fante misturam a história e a realidade do escritor com a ficção de suas histórias. Um nome trocado de uma personagem de sua vida ou o irmão de um personagem com um nome parecido com o do irmão do escritor, John Fante conseguiu fazer muito bem essa mistura de ficção e não-ficção. 

Outro contexto comum nos contos é o personagem imigrante, ou filho de imigrantes, perseguindo, ou vivendo o uma face bem frustrante do tal "sonho americano".

Gostei dos contos porquê caíram muito bem com o jeito meio monótono da narrativa de Fante, e também porquê pude ver o trabalho do autor com outros personagens (motivo que está fazendo os contos ganharem cada vez mais pontos comigo).

Para quem quiser conhecer um pouco da obra do autor, A Grande Fome é, acredito eu, um bom começo.

2 de fev. de 2016

A Dama de Papel - Catarina Muniz


O ambiente desta história é a Londres do século XIX. Molly, a protagonista, é uma prostituta de um bordel de periferia, cuja fama cresceu entre os homens desde o chão de fábrica até os mais altos círculos sociais. Estranho pensar que esse ambiente lúgubre foi preferido a uma vida de conforto, mas Molly preferia a liberdade de um prostíbulo á prisão de um casamento forçado pelo pai.

Em uma tarde qualquer, bate em sua porta o empresário Charles O'Connor. Ele a desafia a demonstrar-lhe suas habilidades a troco de uma alta quantia. O que ele não esperava era sair de lá apaixonado por aquela prostituta.

Em sua luta por controlar as sensações que Molly lhe desperta, Charles transforma seu amor em poemas. Ele registra todos os momentos, os de doçura, os de paixão, a dor de estar longe de Molly, textos e mais textos de amor e de voluptuosidade. Textos que são perdidos e espalhados por toda a Londres após uma tarde particularmente cansativa passada nos braços da encantadora Molly.

Lembro-me de que neste trecho em específico eu pensei "pronto, é a partir daí que as coisas vão desandar". A vida de Charles é cada vez mais pressionada pela crise financeira que assola suas fábricas, um personagem asqueroso ressurge na vida de Molly, e mesmo quando Charles pede que ela lhe seja exclusiva, mesmo havendo paixão e química entre os dois, mesmo assim uma ultima força se interpões entre os dois: a moral conservadora da época vitoriana.

A narração alterna os pontos de vistas dos dois personagens. Catarina Muniz nos passa uma descrição muito boa dos sentimentos, pensamentos e acontecimentos que rodeiam cada um dor protagonistas. 

Não espere finais felizes para Molly e Charles. Algumas coisas são simplesmente fortes demais para se lutar contra. A nós leitores, resta o consolo de saber que o amor de Charles pela jovem dama que fugiu de casa para se tornar prostituta rendeu um belo livro, repleto de poemas de amor.