30 de jun. de 2016

O Pêndulo de Foucault - Umberto Eco


Minha busca incessante por livros não em destaque nas mídias sociais e a curiosidade despertada por alguém que colocou um pouco de sangue no meu coração de pedra, fizeram-me ter bastante curiosidade sobre a obra de Humberto Eco. A morte dele em Fevereiro deste ano me atiçou ainda mais e me fez vier alguns momentos de frustração, já que, das três vezes que os livros dele apareceram nas News do Grupo Editorial Record, apenas em uma (esta) a minha solicitação pelo livro foi atendida.

Na primeira cena do livro, Casaubon (personagem e narrador deste livro) está no museu Saint-Martin-des-Champs, Paris, olhando o movimento do Pêndulo de Foucault, uma proeza da engenharia feita em 1851 e transferida para aquele local anos mais tarde. Pare ele, aquele objeto tem um significado muito maior do que o de ser um máquina exposta em um museu dedicado a elas.

O Pêndulo, para ele é a resposta, ou mais uma pista, do Plano que ele, Jacobo Belbo e Diotallevi, e seus companheiros redatores de editora Garamond, descobriram e desvendaram. 

Escondido dentro do museu após seu fechamento ao público, Casaubon aguarda por alguma coisa. Enquanto aguarda, sozinho, em um museu fechado e escuro, ele volta ao passado e refaz a história que o levou até aquele lugar e momento. Momentos de um passado (não exatamente) distante são ditos a nós leitores enquanto ele, estático, espera por seja lá o que for.

Tentei fazer um trabalho mais minucioso, prestando atenção às palavras que eu não conhecia, e até buscando entender as ligações históricas e documentais que os personagens faziam. Porém, precisei reconhecer que, agindo assim, eu não terminaria O Pêndulo de Foucault tão cedo. Infelizmente (ou não), acabei voltando à minha leitura normal, prestando a devida atenção apenas a alguns pontos que já tinham despertado minha curiosidade na leitura inicial.

Uma coisa que achei curiosa, por exemplo, foi a separação dos capítulos. Cada um é intitulado por uma Sephirah (explicando de forma geral, uma Sephirah é um atributo descrito, ou mostrado, na Cabala, através do qual O Infinito revela a si mesmo e cria, continuamente, o mundo físico e metafísico. Simplificando, não letras divinas, ou assim eu entendi) e cada uma tem seu significado ligado aos acontecimentos narrados ao longo do livro (ou os acontecimentos estão ligados às Sephirahs, difícil saber ao certo) e sempre seguindo a sequencia da árvore sefirótica.

Se o parágrafo anterior complicou, vou tentar exemplificar: o segundo capítulo do livro é intitulado Hokmah, a sefirah da Sabedoria. Ela possui a ideia primordial na qual tudo é contida, e nela está contida a essência de tudo o que se seguirá. Pois bem, é nesta parte que Casaubon relata o primeiro contato dos três ao que, mais tarde se revelaria ser o Plano. 

Se você pensou que trata-se de uma grande teoria da conspiração envolvendo história, misticismo e (porque não dizer) uma boa dose de loucura, bem, você acertou. Porque é exatamente isso que é. E foi construída de uma maneira tão minuciosa que se tornou genial.

Não é um livro muito fácil de ser lido: o tamanho não facilita e o enredo, por vezes intrincado demais, muito menos. Porém, em diversos momentos me vi impossibilitada de deixar o livro por mais de dois minutos e, mesmo assim, voltava quase correndo para a história.

2 comentários:

  1. Olá Bela estou lendo o livro e me deparei com um detalhe que não consegui entender até agora, é os '***' em diversas situações. Sabe me dizer se é nossa tradução ou o original é igual? E o que significam esses asteriscos.

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    1. Roberto, geralmente os "***" são colocados quando uma palavra é propositalmente ocultada ou excluída. Uma das ocorrências dos asteriscos foi quando Belbo falou sobre sua cidade natal. Apesar de ser uma localização relativamente importante, a palavra foi propositalmente excluída por ele.
      Sabe quando nos filmes de espionagem que aparecem aqueles documentos secretos cheios de riscos pretos em cima de linhas inteiras? É o mesmo objetivo: "negar" a existência de alguma informação, ou impedir que determinadas pessoas chegassem a ela.
      Pelo menos, é isso que eu acho. :)

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